segunda-feira, 29 de maio de 2017

Programa da Rádio

Era um programa popular de rádio, antes do PRK-30, com auditório ao vivo e tudo. Daqueles que aconteciam nos anos 40-50. O auditório ficava cheio, e a rua frente a rádio também.


O apresentador, entusiasmado com o andar do programa do dia, chamou o novo "artista".
Entra um matuto à caráter com uma viola sem mais pretensões.
- "E agora, um novo valor nacional, vindo de nossos campos valorosos, a cantar para nós".
- "Seu nome, por obséquio?"
- "Me chamo Carlos Apolinário."
- "E, me diga, o que cantará nesta oportunidade?"
- "Vou-lhes cantar uma música da minha terra. Minha tia que compôs."
- "Sua tia, esplêndido. Será ela nossa ouvinte na ondas da rádio?"
- "Se pusserem alto o volume do rádio, talvez escute. Não temos rádio no cemitério, sabe." (Risadas)
- "Ahn... Entendo, entendo. Sua tia faleceu."
- "Não, ela está morta. Morreu feliz e sorrindo." (Mais risadas)
- "Ela sempre cantava esta canção quando ia para a plantação."
- "Sim, sim. Bom então, o microfone é todo seu. Cante!" (Aplausos e risadas da plateia)
- "Lá vai:
     (...) MEU CARALHAL EM FLOOOOOOOOR"

 
- "Opa, opa! O quê é isso, meu amigo? Este é um programa de família! Contenha-se de usar desses palavrões!"
- "Palavrões nada, meus tios eram gente humilde. Não usavam, e nem sabiam, de palavrões."
- "E esse que o senhor disse, é o quê, por acaso?"
- "Nunca viu um cará? Uma plantação de cará?"
- "Desculpe. É que... me confundi."
 

- "Mas, me diga, como se chama mesmo o lugar de onde veio?"
- "Pau Grande, perto de Curralinho e Gemegeme."
...

Por ordem da DIP tiraram o programa do ar e apagaram todos seus arquivos.
😂

..."



Nota
Estes são meros acasos..
Os eventos foram diacrônicamente escolhidos para montar as situações irreais.
Não se leve tão à sério, afinal, desta vida não sairemos vivos.

quinta-feira, 18 de maio de 2017

Sonetos (de Neruda)



No te amo como si fueras rosa de sal, topacio
o flecha de claveles que propagan el fuego:
te amo como se aman ciertas cosas oscuras,
secretamente, entre la sombra y el alma.
Te amo como la planta que no florece y lleva
dentro de sí, escondida, la luz de aquellas flores,
y gracias a tu amor vive oscuro en mi cuerpo
el apretado aroma que ascendió de la tierra.
Te amo sin saber cómo, ni cuándo, ni de dónde,
te amo directamente sin problemas ni orgullo:
así te amo porque no sé amar de otra manera,
sino así de este modo en que no soy ni eres,
tan cerca que tu mano sobre mi pecho es mía,
tan cerca que se cierran tus ojos con mi sueño.