sexta-feira, 13 de junho de 2014

Contos de Fadas Hi-Tech

Entramos no mundo de contos de fadas... fadas eletrônicas.
Esses entes tecnológicos podem (quase) tudo. É só ligar (on) o gadget que ele nunca mais desliga (off). Ficamos reféns de uma identidade virtual imaginada por nós mesmos. Enrolados numa rede pegajosa que se replica a cada ideia nova de mercado. Ou a cada iteração com outros entes iguais a si mesmos. Mas, que como outras criaturas, não mais obedece ao seu criador.


Entramos num ambiente onde há uma aceleração da irrelevância. Transformamos a impaciência em virtude. Soluções rápidas e relacionamentos efêmeros, curtir e compartilhar substituem, sem méritos nem julgamentos, o ser e estar. Encantados com o ambiente idealizado seguimos como ratos a música, sem prestarmos mais atenção ao caminho. Até quando os aparelhos, as fadas ainda na vitrine, escolherão seu comprador por proximidade. Identificando-o, por wi-fi e análise booleana prévia, quem pode ou não, adquirir a tecnologia oferecida. E se oferecendo a este ou aquele transeunte. Consumo seletivo onde o produto escolherá o comprador. Por créditos, nunca por méritos.


Do lado de cá, veremos somente o que essa análise nos ofereça. E seremos impenetráveis à diferença. Verdadeiros zumbis estratificados...
Poucos Amish escaparão... não haverá existência real sem a virtual. Se não tiveres avatar, para todos os efeitos, não existes.
Educação, papel... para quê? Podemos estudar no transporte, escrever no tablet, armazenar na nuvem.
Alma?
Será que está classificada nos bancos de dados do Google?
Será que abrimos uma janela, um canal ou caminho, por onde entramos em comunicação com... alguém, no outro lado?
E estamos usando nosso código para interpretar as mensagens que recebemos em sinais para as quais não havemos tradução?
Será que toda essa interação digital não poderia significar: "olá, tem alguém ai?"


Ou, como Gandhi suspeitava, estaremos a cometer um outro "Himalayan blunder"?


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