segunda-feira, 24 de outubro de 2011

História(s)

Em algum lugar escutei: "se ignorarmos a história seremos condenados a repetí-la!" Acho que meu irmão me fez lembrar disso por algum comentário que escreveu no seu blog.

E, como sempre, saí pela tangente pensando em como a ignorância poderia causar tanto estrago em tão pouco tempo. Imaginei como seria se daqui a alguns anos a curva ascendente da lassidão (desculpem, tive que escolher um termo menos ofensivo) atual fosse o tonus. A imagem que me veio à cabeça não era minha de forma alguma. Alguns outros já a viram e usaram em seus avisos. Não sou o primeiro, nem o melhor.
Sou mais um...


Morloks, para quem ainda não conhece, são os sujeitos na foto acima. Fora o modelito Mary Quant e o cabelo chapinhado, eram uns troglôs de mão cheia.
...

Esses guerrilheiros de fim-de-semana no seu afã de emular Che Guevara só conseguem arremedar um Chacrinha mal humorado e baderneiro.

[continua]

El costo de la vida



Mais uma vez -mesmo que anos atrasado- Juan Luis Guerra.
"Somos un agujero en médio del mar y el cielo, 500 años despues!"

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Jae Rhim Lee

Esta moça tem uma proposta a fazer.



Prestem atenção que em nenhum momento ela contou piada.
E, para aqueles que não falam inglês, fiz uma tradução do discurso:
"...
Tradução Jae Rhim Lee no TED
"Bom, estou aqui para explicar
porque estou usando estes pijamas de ninja.
E, para fazê-lo, antes gostaria de falar
sobre as toxinas ambientais no nosso corpo.
Alguns de vocês já devem saber
sobre o composto Bisfenol A (BPA).
É um endurecedor de materiais e um estrógeno sintético
encontrado no interior das latas de alimentos
e alguns plásticos.
O BPA imita os hormónios do corpo
e causa problemas neurológicos e reprodutivos.
E está em todo lugar.
Um estudo recente encontrou BPA
em 93% das pessoas a partir dos 6 anos.
Mas é somente um composto químico.
O Centro de Controle de Doenças nos Estados Unidos
diz que temos 219 poluentes tóxicos em nossos corpos,
e estes incluem conservantes e pesticidas,
e metais pesados como chumbo e mercúrio.
Para mim, isto diz 3 coisas:
primeiro, não se transforme em um canibal.
Segundo, somos responsáveis e vítimas da
nossa própria poluição.
E terceiro,
nossos corpos são filtros e depósitos
de toxinas ambientais.
Então, o que acontece com todas essas toxinas quando morremos?
A resposta curta é:
Eles voltam ao meio-ambiente de uma ou outra forma
continuando seu ciclo de toxicidade.
Mas nossas atuais práticas funerárias
somente pioram a situação.
Se você for cremado,
todas estas toxinas que mencionei são liberadas na atmosfera.
E isto inclui 2500 quilos de mercúrio
somente das nossas obturações dentárias por ano.
E em um funeral americano tradicional,
o defunto é coberto por enchimentos e cosméticos
para que pareça vivo.
Então é enchido com formol tóxico
para retardar a decomposição -
uma prática que causa problemas respiratórios e câncer
no pessoal das funerárias.
Então, tratando de preservar nossos corpos mortos,
negamos a morte, envenenando os vivos
e ainda prejudicamos o meio-ambiente.
Enterros verdes ou naturais, que não usam embalsamamento,
são um passo na direcção certa,
mas eles não lidam com as toxinas existentes em nossos corpos.
Penso haver uma melhor solução.
Sou uma artista,
gostaria de oferecer uma proposta modesta
no encontro
da arte, ciência e cultura.
O Projeto Enterro Infinito (Infinity Burial),
um sistema de enterro alternativo
que usa cogumelos
para decompor e limpar toxinas nos corpos.
O Projeto Enterro Infinito
começou há alguns anos com uma fantasia
criar o Cogumelo Infinity -
um novo cogumelo híbrido
que decomporia os corpos, limparia as toxinas
e forneceria nutrientes para as raizes vegetais,
sobrando adubo limpo.
Mas aprendí que é quase impossível
criar um novo cogumelo híbrido.
Também aprendí
que alguns dos nossos cogumelos mais gostozos
podem limpar toxinas ambientais no solo.
Então pensei; talvéz possa treinar um exército
de cogumelos comestíveis que limpem toxinas
a comer meu corpo.
Então hoje, coleciono o que descarto ou desprendo -
meu cabelo, pele, unhas -
e alimento com eles estes cogumelos comestíveis.
Enquanto os cogumelos crescem,
colho os melhores
para transformá-los em Cogumelos Infinity.
É uma forma de fixar e selecionar o processo de procriação
para a pósvida.
Então quando eu morrer,
os cogumelos Infinity vão reconhecer meu corpo
e serão capazes de comé-lo.
Muito bem, para alguns de vocês,
isto pode parecer muito, muito louco.
(Risos)
Só um pouquinho.
Sei que não é o tipo de relação
a qual aspiramos ter com a nossa comida.
Queremos comer, não ser comidos, pela nossa comida.
Mas enquanto vejo os cogumelos crescer
e digerir meu corpo,
imagino que o Cogumelo Infinity
como o símbolo de uma nova forma de encarar a morte
e a relação entre meu corpo e o meio-ambiente.
Vejam, para mim,
cultivar o cogumelo infinity
é mais do que experimentação científica
ou jardinagem ou criar um animal de estimação,
é um passo na aceitação do fato
de que algum dia vou morrer e decompor.
Também é um passo
para assumir a responsabilidade
de meu próprio fardo no planeta.
Crescer os cogumelos também é parte de uma prática maior
de cultivo de organismos decompostores
chamados decompicultura,
um conceito desenvolvido pelo entomologista
Timothy Myles.
O cogumelo Infinity é um subgrupo da decompicultura
que chamo decompicultura corporal e remediação tóxica -
o cultivo de organismos que decompõem
e limpam toxinas dos corpos.
E agora sobre estes pijamas de ninja.
Quando estiver completo,
planejo integrar os cogumelos Infinity a vários objetos.
Primeiro, uma vestimenta de enterro
infundida com esporos de cogumelo,
O Vestido Mortuário Cogumelo.
(Risos)
Estou vestindo o segundo protótipo
desta vestimenta mortuária.
Está coberta por uma rede crochetada
embedida em espóros de cogumelo.
O padrão dendrítico que vem
imita o crescimento das mycelia dos cogumelos,
que equivalem às raizes das plantas.
Também estou criando um kit de decompicultura,
uma variedade de cápsulas
que contêm espóros do cogumelo Infinity
e outros elementos
que aceleram a decomposição e a remediação tóxica.
Estas cápsulas são embebidas em uma geléia rica em nutrientes
uma espécie de segunda pele,
que dissolve rapidamente
transformando-se em papinha para os cogumelos em crescimento.
Planejo concluir o kit de decompicultura
no próximo ano ou dois,
e então gostaria de começar a testá-los,
primeiro com carne vencida do mercado
e então com sujeitos humanos.
E, acreditem ou não,
algumas pessoas já doaram seus corpos para o projeto
para ser comidos pelos cogumelos.
(Risos)
O que aprendí ao falar com estas pessoas
é que compartilhamos um desejo comum
de entender e aceitar a morte
e minimizar o impacto de nossa morte sobre o meio-ambiente.
Eu quiz cultivar esta visão
igual que os cogumelos,
por isso formei a Sociedade Decompicultora,
um grupo de pessoas chamados decompinautas
que activamente exploram suas opções postmortem,
almejam aceitar a morte
e cultivam organismos decompostores
como o cogumelo Infinity.
A Sociedade Decompicultora compartilha a visão
de uma mudança cultural,
de nossa atual cultura de negação da morte e preservação do corpo
para uma de decompicultura,
uma aceitação radical da morte e decomposição.
Aceitar a morte significa aceitar
que somos seres físicos
intimamente conectados ao meio-ambiente,
como uma pesquisa sobre toxinas no meio-ambiente confirma.
Como se diz;
do pó viemos e ao pó retornamos.
E, uma vez que entendermos que somos ligados ao meio-ambiente,
vemos que a sobrevivência de nossa espécie
depende da sobrevivência do planeta.
Acredito que este seja o começo
da verdadeira responsabilidade ecológica.
Obrigado.
(Aplausos)
..."

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Durkheim

"For if society lacks the unity that derives from the fact that the relationships between its parts are exactly regulated, that unity resulting from the harmonious articulation of its various functions assured by effective discipline and if, in addition, society lacks the unity based upon the commitment of men's wills to a common objective, then it is no more than a pile of sand that the least jolt or the slightest puff will suffice to scatter."
 
Émile Durkheim
 
Etc e tal...

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Sherazade 2 (leve revisão)

Desde criança sempre fui atraido por histórias fantásticas.
Quanto mais fantásticas melhor!
Histórias e filmes de fadas, gênios, e objetos mágicos eram as minhas preferidas. Alias, até hoje!
Não me importava o maniqueísmo contido na história, nem a cenografia do filme; eram os gênios e seres mágicos que me chamavam a atenção. Aprendia de ouvido, vendo como tudo era possível.

Os três desejos, então, dentre meus favoritos eram o ápice da fábula. Eram eles que mudariam o resto do conto, o final da história, a vida do principal personagem, que invariávelmente tinha sido tirado de sua "zona de conforto", sofreria desafios impensados até que... seus conhecimentos, habilidades e atitudes somados não seriam suficientes para tirá-lo da enrascada.

Usualmente a história era interrompida aqui. Tinha algo a ver com aumento das expectativas, valorização do produto, ansiedade (ou stress) ou então; eu tinha pegado no sono mesmo.


Noite seguinte; Parte 2 - O finalmente -
Tinha me colocado no lugar do herói desde o começo!
"E agora, u qui qui eu faço?"

No penúltimo momento descubro uma lâmpada, um livro, um anel, um peixe mágico, sei lá!
E vem com manual!
"Esfregue aqui para convocar o ente contido. Mantenha fora do alcance das crianças. Produto não reciclável."
A estas alturas eu estava com endorfina saíndo pelos ouvidos de tão assanhado!
(Imagine as matinés de sábado no Edison ou no Ancón e o herói aparecendo ocupando toda a tela!
Quem nunca viu não pode nem imaginar o escarceu!!)

Era um tal de Epas!, Opas! O mocinho descendo o sarrafo no vilão! Fazendo-o provar do seu próprio veneno. Catando a mocinha -com todo respeito- e tascando-lhe um beijo de Roto-rooter!

E viveram felizes para sempre, enquanto nos fades (in/out) apareciam as palavras: "The End". Acompanhadas de uma emocionante fanfarra musical que seria nossa companheira de aventuras até o sábado seguinte.

Acendiam-se as luzes e abriam-se as portas, liberando uma molecada superexcitada e barulhenta, feito bando de periquitos, sobre a cidade inocente e desavisada!

Mas dizia eu que o importante das tais histórias eram os desejos. Em máximo de três e mínimo de um, tinhas o direito de pedir o que quer que fosse (menos: ter mais desejos, claro... coisas de sindicato e contabilidade) que te seria concedido.

Acho que foi a primeira pergunta séria que me fiz na vida toda: Qual seria meu primer desejo? Claro, pois o primeiro era o mais importante! Dele dependeriam todos os outros. Passei um bom tempo pensando nisto.
Quanta bobagem, pensarão... Mas, para um moleque daquela idade (sei lá qual, imagine uma!) ISSO é importante. Pelo menos para mim.

Deveria estar preparado para responder: Qual seu primeiro desejo?
Desastrado como era, poderia ser meu último. Não queria correr esse risco.
E pensei... pensei... pensei...

O tempo foi passando, o Edison e o Ancón foram demolidos, e ainda não tinha uma resposta satisfatória. Encontrar, encontrei mas, por A mais B, sempre achava alguma falha ou mossa que tirava o tchans da resposta.
Ninguem tinha passado por aqui antes?

A resposta me veio de onde menos esperava encontrar!
Um dos meus heróis veio ao meu socorro: Salomão.
Sim, o israelense filho de David.
O do Templo, o da Bíblia!
Ele tinha passado por aqui, e melhor que eu, tinha deixado um mapa para possíveis futuros turistas.
Ele pediu ao Supremo e o Supremo lhe concedeu!
Pode ver, tá lá na Bíblia!!
Por isso, carrego sempre minha resposta pronta na algibeira.

"E tu, o que desejas?"
...
...
(silêncio dramático)

"Eu desejo ser sábio como o Salomão."
...

"E, como ele, agradecer o que já me destes!"



The End
(Agora sim!!)



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segunda-feira, 3 de outubro de 2011