segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Mateus 21: Uma Metáfora de ROI

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Hoje, a relação de utilidade (ROI) se dá, pragmática, pelo resultado da receita menos o custo sobre o custo multiplicado por 100. Uma equação simples.


Mas, e o que tem Mateus com isso?
Mateus 21, nos conta da ocasião em que Jesus Cristo expulsou os mercadores do templo. Convenhamos que templo, qualquer que seja, não é, teoricamente, o lugar mais adequado para fazer comércio de seja lá o que for. Sim?
Ou o importante "é levar vantagem em tudo", certo?
Mas, acredito, que aquilo tenha sido pouco mais que uma metáfora.

Contudo, o espírito era esse mesmo, os vendilhões estavam lá só pelo lucro. E, talvez por isso mesmo fossem limitados à visão do entorno.
Às favas a crença e a devoção!
Não entendiam, e pouco lhes interessava...

Vejamos:
Faz tempo, quando ainda fazia especialização, me surpreendia com o conceito de 'conhecimento velho' (sic) de alguns colegas. Digo, me surpreendia, pois para mim fazia tanto sentido quanto: jogar fora Pitágoras e seus triângulos gregos, visto que os celulares modernos (Smartphones) já vêm com calculadoras.
Espero não esquecer disso toda vez que me defrontar com algo, ou algum conceito novo.
Ou, mudando o viés um pouquinho, deveria apresentá-los a esta conferência de Kevin Kelly no TED 2005. Talvez percebessem, por fim, como neste caso a tecnologia muda a forma como as ideias são geradas.
E, por fim, talvez entendessem..

Pelo visto começaram a acreditar nos clichês mercadológicos que defendem que na novidade está a verdade, ou pior, que a verdade existe por ser nova. Antes eram outras verdades e inovações velhas (sic, de novo), não mais úteis.
Respostas imediatistas para perguntas seculares.
Adicionávamos velocidade, e para haver equilíbrio, eliminávamos o entendimento da equação.

Tempos depois, escrevi este comentário para um artigo sobre inovação e retorno do investimento.
A visão do sr. X (grande empresário paulista), é tendenciosa no mínimo.
Encaixa o redondo disruptivo no quadrado mercantil. Se a inovação não tem utilidade econômica, não atende ao ROI, não serve para nada.
Acabou de descrever... a música, por exemplo.


Disruptivo, pela própria acepção da palavra, quebra "paradigmas estabelecidos" (uff). Não se espera que preexistam modelos econômicos estabelecidos para obtenção de vantagens da inovação. Ou que os atuais sejam capazes de fazê-lo. O caminho É exatamente o inverso; primeiro a inovação, depois a adoção e sua aplicação em escala, e por último, lá vem o benefício pecuniário. $.

Depois, me corrijo: antes vem a cultura, que a inovação irá criar pelo simples fato de existir e ser replicada.

E, por outro lado, como estas inovações ocupam espaços subutilizados ou acabam criando espaços novos, a percepção de vantagens (de uso) criam mudanças (paradigm shifts) em outras áreas periféricas. Algumas impensadas.

Foi o caso da televisão com o cinema, por exemplo. Dos automóveis com os trens e o avião com o navio, para citar os mais óbvios. Os últimos "perderam valor" à medida que os primeiros eram cada vez mais adotados. E essa adoção sofria mudanças muito mais específicas a cada um deles, no processo.
Então vemos que, a adoção de um, não necessariamente, eliminará o outro.
Houve adaptações e mudanças.

Mudamos nós.
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