quarta-feira, 30 de julho de 2014

H.G.Wells et al


Alguns recentes acontecimentos me levaram a re-ler H.G.Wells, aliás um dos meus favoritos.
E ao fazê-lo, me encontrar frente a frente de uma mentalidade quase tão "solta" quanto a de Verne ou de Tesla. E, dificilmente sérios... bom, dois de três, não está mal.

Hoje em dia, suas visões são corriqueiras. Mas, quando eles as imaginaram, e ainda mais quando falaram sobre elas -tentaram explicá-las- o "tempo fechava" sobre a conversa. Se não vejamos, por exemplo, alguns trechos de Wells no -"The Work, Wealth and Happiness of Mankind", de 1932:
...
"Por animal economico significamos o animal que socialmente assegura e armazena o alimento. São animais sociais as formigas e as abelhas."
...
"(O homem) Não conquistou essa vida social e economica pelo desenvolvimento dos instintos de organização, como no caso desses insetos, mas por meio do raciocínio. A natureza dessa transição jaz na raiz de qualquer sólido estudo economico. Uma revista do trabalho, da riqueza e da felicidade humanas não poderá ser sólida nem valiosa e útil se firmemente não repousa nesse fato biológico fundamental."
...
"Linguagem e organização social cresceram juntas e juntas se foram tornando complexas. As fantasias do homem primitivo ainda perseguem as nossas instituições sociais."
...
"As ideias de Frazer, de Jung, de Atkinson mutuamente se influenciam e fecundam. As últimas sugestões que ainda nos perseguem, de um "contrato social", da ideia de que a sociedade humana foi um arranjo deliberado entre pessoas inteligentes como nós próprios, estão sendo varridas de nosso espírito por esse conchavo entre o mitologista e o psicologo - e o caminho se vai abrindo para uma adequada compreensão do mecanismo social."
...
Onde podemos perceber -aquí e alí- a semeadura de um campo novo e fertil para discussões posteriores e vejam como ele nunca menciona tecnologia no seu discurso. Um outro tempo, onde a tecnologia começava a  ditar o quê, o como e o quando pensar. Apesar de o Tesla lidar primeiramente com tecnologia, acredito que seu viés fosse ainda muito mais humanista do que o do simples engenheiro especializado das eras atuais. E isto o encaixava aos outros dois com toda naturalidade.
Nefelibatas...

Ok, chegou até aquí curioso por saber -afinal do que trata este post- certo?
Já faz algúm tempo venho percebendo uma constante nas discussões que atendo:  tecnologia e suas influências no desenvolvimento social (leia-se: das pessoas). Ou então, esqueça as pessoas, como a maioria dos grandes vultos da economia o fazem. Essa variável é muito difícil de lidar. Muito melhor esquecé-la ou fingir que não existe e preocupar-se com coisas realmente importantes.
KPIs, por exemplo.


Se, por outro lado, "gente" é importante para você, sigamos juntos.
Vamos começar por definir que num mercado de redes, as expectativas significam. A adoção de tecnologias em rede depende do tamanho observado e "sugerido" da rede onde será utilizada. E que talvez, massa crítica, não tenha nada a ver com inteligência coletiva.


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quinta-feira, 24 de julho de 2014

Sistemas

Já prestou atenção em quantos niveis estão estratificados todos os aspectos da nossa vida?
Tudo é sistemas. Vivemos dentro de sistemas complexos. Não existe quase nada que seja uma coisa única, isolada. Antigamente, por exemplo na Idade Média, talvez conseguissemos isolar. Pensando bem, acho que bem antes disso. Agora não mais.
Tudo está, ou faz parte de, uma rede de elementos. Componentes maiores ou menores, aos quais pertencem ou pertencem a ela. Todos os "produtos" (bens ou serviços) fazem parte desta rede... universal.


Compre um carro, por exemplo.
Até a escolha do modelo foi feita por alguem que não você. Da escolha da marca até do modelo, ele foi desenhado de acordo com o que, os desenhistas (designers) acharam que seriam os seus "gostos". Como você, é claro, conhece vários designers automotivos, por ai você vê como eles conhecem seus gostos. Suas cores preferidas são: branco, preto, vermelho e prata, certo? Amarelo é taxi ou aquela coisa que imita o Bumblebee dos Transformers. Afinal, eles sabem que por dentro ainda somos crianças que gostamos dos anos 70.

Não foi Henry Ford quem disse: "compre o carro da cor que quizer, sempre e quando seja preto" ("You can have any colour, as long as it's black ....")?

A maioria dos carros têm quatro rodas e definem uma base. Todas as bases repetem o mesmo retangulo regular e simétrico. Divida-o ao meio e verá que ambas são semelhantes, acima, abaixo, um ou outro lado. Semelhantes, similares. Poucos percebem o padrão. Os designers seguem padrões. A maioria segue imagens que possam ser reconhecidas. Vocês dirão que me repito mas, e até alguem me apresentar um termo melhor: padrão.

Quantas peças montam um carro?



O que adquirimos, na verdade, é a possibilidade de deslocamento ou transporte. Esta possibilidade está subordinada a uma rede. Rede esta composta por: postos de combustível, pneus, estradas, por exemplo. E estas, por sua vez a outras. Nada funciona sozinho, isolado.
Nem mesmo o carro que você comprou!

Todos nossos gostos, da roupa que vestimos, a comida que comemos, a forma como vivemos. A não ser alguns pequenos desvios, à beira do patológico, são generalizações de nossos gostos. Soma-se tudo, calcula-se a média e o desvio padrão e (voilà!) obtem-se o gosto. Dá até capa de jornal. O seu gosto. O meu gosto. Nosso.
Muito prazer...

 ....
Tudo tem um padrão . Todos seguimos padrões. Esse fato é chamado de: gosto. Às vêzes reconhecidos como cultura, hábitos ou costumes. Mas essa discussão de sociologia a deixaria para meu professor, dr. Sato (se estivesse vivo ainda). Ele que consiga diferenciar o que é um hábito e o que seja costume. Eu continuo confundindo os dois.

É isso que é viver em sociedade. Só que não é uma sociedade de um indivíduo único entre semelhantes. É uma sociedade que cada dia apresenta quase todo mundo igual na sua diferença. Somos quase os mesmos.
Padrões repetidos, iguais.


Somos como as cascas das cebolas. Estratificados em padrões compostos de elementos menores e iguais de si mesmos. Formas, cores, odores e sensações todas padrões reconhecíveis.
Padrões.

Fractais... estava demorando.
De fato, tentei evitar o assunto, mas vejo que não deu.
Vivemos segundo padrões que se repetem por iteração. Padrões interagindo com... (adivinhou!) padrões. E engraçado que somos finitos individualmente (como em sistemas fechados) e, como grupo, somos quase imortais (sistemas abertos). Pequenos lampejos, aqui e ali, são percebidos. E me fazem lembrar deste exemplo numa música do Gil, que diz: "Quando Bob Dylan se tornou cristão, Fez um disco de reggae por compensação, Abandonava o povo de Israel, E a ele retornava pela contramão".
Viu? Iterações mínimas.
Perfeito sinal de "Você está aqui, olhe em volta", ou então o também famoso; "Sorria, você está sendo filmado!".


Talvez a consciência do "nós" nos outros, crie um mudança pequenina. Capaz de mudar o "outro" em cada um de nós.



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quinta-feira, 17 de julho de 2014

Mãos: ferramentas de comunicação e inovação

Escrever a mão; cursivo ou bloco, é uma arte que não terminamos de aprender nunca.
O treinamento se faz no gerúndio diário e os elementos biológicos - pois mesmo para escrever no ar, precisamos usar certas partes específicas do corpo - em conjunto, são usados como em nenhuma outra ferramenta.


A visão altamente compartamentalizada do burrocrata (sic) idealizador desta lei, me parece a culpada pelo seu engendramento. Se fosse traduzir a termos chulos, diria que: "é um verdadeiro tiro no pé!"

Se não, vejamos:
Somente na literatura acadêmica há toneladas de material que conseguem contradizer esta proposta. Historicamente então, nos perderíamos na montanha de documentos... escritos a mão! O simples fato de existirem bem antes, e durante, a criação e evolução tecnológica, se é que usou este argumento para validá-la, deveria ser suficiente para poder inferir sua importância nos processos criativos. A leitura segmental, ou a falta e escamoteamento dela (da leitura) como um todo, seria outro argumento.
E contudo, não se enxerga o bosque porque as árvores atrapalham... escritos.


Tirar das crianças em idade de alfabetização esta ferramenta que irão usar para sempre e que lhes libertará um potencial inesgotável de inovações, sim, inovações(!), é um crime. Um crime que somente um cego, inepto, sem visão de futuro pode cometer impunemente.

Vejam que nem toquei nos cursos nem nos cadernos e exercícios, de caligrafia, aqueles entes em extinção senão já extintos e estes dos quais ninguém mais se lembra.
Me volto às inovações que, por não existirem precisam ser "desenhadas", a mão, a lápis, no cursivo! Mas, dirão: "existem ferramentas tecnológicas que fazem isso muito melhor". Por enquanto, e até agora (ou me mostrem o contrário): pensar, pensamos melhor nas nossas cabeças. E há uma satisfação atávica ao ver o que desenvolvemos surgir à nossa frente, das nossas mãos, produto da nossa intenção gestual.
Pelo menos, me sinto assim. É tão bom que acredito que compartilho com meus semelhantes a mesma sensação.


Escrever um texto, desenhar um projeto, analisar processos de passos complexos... não importa o difícil, nem o tempo. O resultado, mesmo que com falhas aqui e acolá, nos dará o mesmo orgulho que uma vez sentimos ao descobrir que aquela sequência de símbolos contidas dentro do grafite infantil vinha cheia de significados. Ao aprender a ler e escrever somos introduzidos à humanidade, como se nascidos novamente.
O fato simples e corriqueiro ato de escrever anotações em aula te faz lembrar e entender melhor o exposto.
Eu disse escrever, não digitar.

No cursivo, mudamos o estilo, a inclinação, as curvas. E todo um novo pensar se forma. Mas, mude o QWERTY de lugar e teremos que re-aprender a digitar do mesmo modo. E, lamentavelmente continuaremos pensando mecanicamente igual.


Dê um lápis na mão de uma criança em idade escolar e ela saberá o que fazer com ele de imediato. Uma caixa de lápis de cor então, povoará seus sonhos e imaginação por uma vida inteira.
Quem não se lembra dos seus primeiros desenhos? Tenho vívidas memórias de alguns dos meus. Até já comentei neste blog.

Notou também como as imagens desenhadas e o imaginário infantil parecem ter os mesmos sinais e símbolos para as mesmas coisas? Nascemos pintores e ilustradores, já com um repertório básico comum a todos! Aos poucos, vamos envelhecendo, aprendendo a "ser sérios" e esquecendo como se (vive)desenha.


Nota

Todas as ilustrações deste post são meus originais (a mão livre), ainda na faculdade em 1979. A matéria era, se não me engano: "Desenvolvimento de Projeto".


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sexta-feira, 11 de julho de 2014

Criativos, suas características e ambientes

Nestes dias atrás li, gostei, compartilhei e comentei no LinkedIn um artigo publicado pela awebic, sobre tradução de original da Just Something inglesa.


Gostei do artigo por ser simples. Faz muitas generalizações para esboçar um perfil do que seja ser criativo. E sim, o que é diferente cria incômodos e constrangimentos, às vêzes para ambas as partes envolvidas. Como se desenvolverá essa interação, coalhada de entretantos e não-me-toques individuais é que vai ser ela. Veja que a maioria do desenvolvimento disruptivo (como em inovação) aconteceu com a participação de um (pelo menos um...) criativo e sua indefectível pergunta: "e se..." ou então, alguem esqueceu a torneira aberta por descuido e foi um dilúvio.

As (22) Coisas que caracterizam as pessoas criativas, é uma lista que enumera as características que identificam os criativos. Vou tentar re-fazer a análise do texto apresentado naquele artigo motrando a lista aqui.
Eis a lista do artigo:
  1. Pessoas criativas se inspiram nas horas mais improváveis
  2. Eles sonham acordado
  3. Eles ficam entediados facilmente
  4. Eles enxergam o mundo com os olhos de uma criança
  5. Eles vão falhar… assim como vão tentar novamente depois
  6. Eles escutam que devem arrumar um trabalho de verdade
  7. Eles seguem seus corações
  8. Eles se perdem no tempo
  9. Eles trabalham quando os outros estão dormindo… e dormem quando os outros estão trabalhando
  10. Eles enxergam oportunidades onde os outros veem dificuldades
  11. Eles se apaixonam por suas criações em um dia e no outro as odeiam como nunca antes
  12. Eles odeiam suas criações em um dia e no outro estão completamente apaixonados por elas
  13. Eles são humildes e orgulhosos ao mesmo tempo
  14. Eles estão sempre à procura de novas formas de se expressar
  15. Eles procrastinam
  16. Eles veem o outro lado da moeda
  17. Eles não gostam de limites
  18. Eles não costumam gostar de números
  19. Eles são grandes observadores
  20. Eles estão sempre buscando novas experiências
  21. Eles recomeçam tudo de novo
  22. Eles amam
Listas... enumerações... Acredito que seja uma forma primária, elementar, das pessoas tomar posse, priorizar... se empoderar das coisas que falam, enfim. Assim não perdem o fio da meada e organizam as ideias. Não vejo problema nenhum nisso.
São formas de fazer, somente. Essa organização, como diria Saussare: "Bem longe de dizer que o objeto precede o ponto de vista, diríamos que é o ponto de vista que cria o objeto: aliás, nada nos diz de antemão que uma dessas maneiras de considerar o fato em questão seja anterior ou superior às outras."

Ok, ok... #11 e #12 são, definitivamente a mesma coisa. Eu vi também.

Procrastinar (#15), pode até ser uma outra forma de priorizar, só que vista do lado de fora. Do ponto de vista do outro. A hierarquia do que seja mais ou menos importante é diferente para cada um de nós... todos nós. Alguns chamam de procrastinação ou não levar as coisas a sério, mas quem diz que não foram consideradas e colocadas no lugar certo?
Ia falar que criar-iamos uma nova lista, mas acho melhor deixar pra lá.


A #5, ao meu ver, é a verdadeira provação (como em ordeal), não somente para o criativo. Afinal, estamos vivendo numa sociedade que não tolera muito graciosamente os fracassos.
  1. Eles vão falhar… assim como vão tentar novamente depois
Nem precisam ser de alguem criativo especificamente. Qualquer um falha, comete erros, faz cag... As consequências, e principalmente, a reação a elas é que ditarão os resultados.
Por exemplo: acha que o 14bis se chamava assim porque era o primeiro da série ou o Santos Dumont era fã desse número em particular?
Hein?

As #8, #9 e #10, então?
  1. Eles se perdem no tempo;
  2. Eles trabalham quando os outros estão dormindo… e dormem quando os outros estão trabalhando;
  3. Eles enxergam oportunidades onde os outros veem dificuldades.
O tempo é diferente para todos exceto para os relógios. Parece brincadeira mas, se todos estão ocupados com coisas rotineiras (ou dormindo, então) se torna mais fácil ver oportunidades. Não é mesmo? Quando falamos em inovação as coisas se complicam para quem está acostumado com rotinas... ou soluções esperadas.
É o problema das receitas, por exemplo. Os passos (processos) são iguais, o resultado...

A #17 é óbvia demais, nê? Quem gosta de limites? A escola é o típico ambiente em que todos somos "homogeneizados". Situações como a TDAH, os devaneios e as displicências demonstradas por uma fração dos alunos deveriam ser estudadas e classificadas de formas diferentes, e suas responsabilidades repartidas melhor. Usualmente o culpado é sempre a criança, nunca o método de ensino ou a forma de alfabetização.
Será?


Me chamou a atenção o número #21, quando fala do medo de recomeçar. Algumas pessoas confundem estupidez com valentia, e não, de forma alguma, são a mesma coisa. O elemento medo estará sempre lá, é um instinto básico. As vêzes custa mais, muito mais do que os livros de história conseguem descrever.
  1. Eles recomeçam tudo de novo
  2. Eles amam
E sim, amam a vida (quem não?) e o que é belo. De formas até surpreendentes. Não concordo muito com a #18, teria que re-fazer meu entendimento de muitas coisas e artes.
Como se diz, não tem nada a ver.

Ainda que, pensando bem, agora contamos com uma série de elementos novos a adir a equação; as interfaces tecnológicas, por exemplo. Veja, a curva de aprendizado para lidar com interfaces se restringe a uma série de comandos e combinações econômicas entre eles. Sim, econômicas.
Não se inventam comandos ou combinações novas nem diferentes para fazer a mesma coisa de interface para interface. Os programadores se acostumam e acostumam o usuário a repeti-los. Repetição esta que nos leva, e a cada novo usuário que com esta tecnologia entra em contato, a identificar e reduzir o reconhecimento de comandos e combinações.


Vê onde quero chegar?
Repetimos os mesmo erros e descobrimos os mesmos caminhos a cada opção executada. A resposta ou "feedback", se preferir, é imediata. Certo ou errado, positivos ou negativos altamente Booleano sem o "porém", "contudo" nem "todavias" que, usualmente, circunscrevem a periferia dos relacionamentos ou meio ambientes não digitais.
Pior ainda, insistimos e ensinamos que é assim que se faz!

Uma escritora de ficção disse certa vez: "You don't create new worlds to give them all the same limits of the old ones" (Jane Espenson). Isto É imaginação! Ou, na visão de quase todos os sistemas de alfabetização; a Caixa de Pandôra.
E que, como tal é necessário eliminar. Ou (re)pensar urgentemente.


A estas alturas faz-se necessário um aparte, antes que me esqueça: não sou contra a educação formal. Acho-a necessária, básica para a sobrevivência e desenvolvimento social. Mas, como o Freire e alguns casos de andragogia, sou a favor de reduzir a distância entre academia e o mundo real. Não restringir-nos a soluções provadas e repetições mecânicas. Incentivar, atrair e abraçar a inovação e a colaboração entre os estudantes. Vamos aplaudir e explicar, para entender, os resultados certos ou errados. E assim criaremos uma base de onde a criatividade irá florescer sem medos.
Os limites acabarão desaparecendo por si mesmos.





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quinta-feira, 10 de julho de 2014

Composê quentinho

Estamos na "idade mídia", novas versões da velha comunicação inventada individualmente. Copiei, sim (Ctrl+C e Ctrl+V) descaradamente ambas intervenções. Achei que valia a pena, e sei que concordarão comigo. Não é todo dia que somos esbarrados por tanto. Hemos de aproveitar, devemos aproveitar!

Por quê não?
Ei-los, uma postagem de Raul Drewnick e a voz do Cocker. Podia ser o Reed, mas não.
Para dias de inverno não há melhor agasalho. Minto, há sim... cada um o seu.

Quando o amor nos escolhe

RAUL DREWNICK
Estadão, Sexta-Feira 04/07/2014

Se o amor optar por você, prepare-se. Jamais você será o mesmo. Nem sua mãe, nem seus irmãos, nem seus amigos de infância o reconhecerão. Se lhe disseram que o amor é aquele sentimento que nos realiza e nos perfaz, ouso dizer que mentiram para você. O amor nos divide, nos retalha, para melhor nos [...]

Se o amor optar por você, prepare-se. Jamais você será o mesmo. Nem sua mãe, nem seus irmãos, nem seus amigos de infância o reconhecerão. Se lhe disseram que o amor é aquele sentimento que nos realiza e nos perfaz, ouso dizer que mentiram para você. O amor nos divide, nos retalha, para melhor nos dominar.
Eu nunca vi direito os olhos do amor. Você viu? Ninguém os viu, nem verá. Ninguém sabe qual é a cor deles. Eles não nos olham depois da primeira vez, quando sorrateiramente nos escolhem. Desde o momento em que somos escolhidos, pertencer ao amor é a nossa ventura. Tão docemente ele nos aflige, tão docemente ele nos atormenta, que nós nos afligimos e atormentamos ao menor receio de um dia nos faltarem essa aflição e esse tormento.
Se lhe disseram que o amor é diferente disso, que ele é um lago de águas tranquilas, jamais visitadas pelo vento, e você acreditou, pode continuar com seu cineminha das quartas, seu teatrinho mensal, suas leituras de folhetos para programar as férias, seus beijinhos protocolarmente estalados depois do café da manhã e seus carinhos contados, aqueles exatos que servem como aquecimento para o exercício noturno depois do qual vem o sono tranquilo dos corpos satisfeitos.
Se lhe disseram que o amor é essa rotina, essa ginástica, e você acreditou, pode continuar com elas. Mas se o amor, o verdadeiro, aquele único, pelo qual vale fazer tudo e a tudo renunciar, optar por você, prepare-se para a angústia da carne e o flagelo da alma, para a solidão, para a cama revirada pela insônia, para as lágrimas que os outros, aqueles pelos quais o amor não optou, chamam de ridículas.


e...

Everybody Hurts - Joe Cocker

E, para terminar este composê, um velho amigo, a voz do Cocker.em "Everybody Hurts"



Espero que tenham se agasalhado bem, e também gostado como eu fiz. Prometo voltar várias vêzes aqui e buscar conforto.
Pois "a ventania e o tempo não têm compaixão."
Abs



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domingo, 6 de julho de 2014

GuestArte 4: Edifícios Antigos

A nossa cidade ainda mantem alguns prédios dos anos 30 até 50. Tem prédios bem mais antigos que esses. São poucos e cada vez mais estão cedendo espaço para caixas envidraçadas modernas. Antes que acabem de todo, ando fotografando quando os encontro. Pelo menos, guardo um pouco na memória e outros no documento.








Esta foi a primeira foto que fiz com meu celular








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sexta-feira, 4 de julho de 2014

On Second Chances and New Lifes

You know those endless lists that are always written at year's end, and forgotten somewhere beginning of April? Those promises we know we will never keep. That, willingly we know would do us good. That if we kept them, at least half, would make a change in us.
And along comes day 1, day 2, day 3, day ...
D-a-y ...

On the other hand, if you were exposed to an avalanche of positive feedback?
All your deepest dreams. Those that only you could identify, assess... revel in them. Those long abandoned desires, so impossible to accomplish. Those that even if there was an alignment of stars, God's good pleasure, a fluke of chance, you know that would have less chance of coming true than an ice cube exposed to the mid-day's sun in summer.
At a tropical beach!

And yet, if against all those insurmountable odds, that spec of a chance could be possible?
Once...
Tiny.
Still, would you doubt?


Sabe aquelas listas intermináveis que são escritas todo final de ano, e esquecidas lá para começos de abril? Aquelas promessas que sabemos não iremos cumprir. Que, de boa vontade, sabemos que nos fariam bem,  e caso fizessemos, pelo menos, metade haveria uma mudança em nós.
E chega dia 1, dia 2, dia 3, dia...
D-i-a...

Por outro lado, e se fossemos expostos a uma verdadeira avalanche de respostas positivas? Todos os seus desejos mais profundos. Aqueles que só você poderia identificar, apreciar, deleitar-se neles. Aqueles seus desejos abandonados como impossíveis de realizar. Aqueles desejos que, mesmo que houvesse um alinhamento de astros, um beneplácito dos Deuses, um acaso dos acasos, você sabe que teriam menos chance que um cubo de gelo exposto ao calor do sol num meio-dia de verão.
Na praia!

E se, contra tudo e todos, essa pequenina chance fosse possível?
Uma única vez...
Pequenina.
Ainda assim, você duvidaria?


...



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