terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Visões de Ballet


O que você vê quando olha um campo de torres de distribuição elétrica como este?
Bem, isso depende...
Não sendo seu nome Alonso Quijano, depende muito do seu humor, seu tempo, sua profissão, sua atitude perante as coisas ao seu redor. Pode ver somente objetos inanimados transmitindo grandes quantidades de energia. Pode ver as forças da natureza sendo colocadas a serviço da sociedade. Pode ver linhas a estorvar sua visão da paisagem. Números e estatísticas, índices e projeções. Gestão e logística funcionando em paralelo.
Ao olhar o céu vê azul e nuvens de algodão ou somente a natureza parindo outra tempestade?

Se murmurar: "gigantes", se refere ao quê? Uma relação de tamanho ou mera magnitude de desempenho genérica? Gigantes se comparado com o quê?
O homem como referência, além de críptico, convenhamos, é narcisista demais.
Deixamos de ser o "Centro da Criação" quando pela primeira vez percebemos nossa própria insignificância se comparados com algo pequeno como a natureza que nos rodeia, por exemplo. Ao nos comparar com algo realmente grande, como o universo ao qual pertencemos então, essa insignificância deveria ser escrita toda em maiúsculas. Homem (como gênero, raça, ou raio que o parta) passa a quase nem ser, de tão pequeno. Mesmo a contragosto, nossas aspirações, sonhos, feitos ou problemas passam a ter uma dimensão minúscula quando em comparação com a rotina geral do resto das coisas.

O que diferencia nossas visões das visões dos outros é exatamente isso, são visões dos outros. As nossas são particulares e privadas. Só serão dos outros quando as explicitamos na dança do compartilhamento. Ali, elas assumem o tempo da música; vão do Andante maestoso até o Rimbambito iocoso, dependendo da recepção ou novidade.
Realidade ou verdade não são tão importantes assim.
Se prestar atenção, verá que vivemos num mundo adulto de faz-de-contas (de contas à pagar).

E as torres? As torres!

Sim, voltemos.
Nem gigantes de Quijano nem obstruções à visão de belezas naturais. Desse ângulo, me lembraram bailarinas num último ensaio, momentos antes da apresentação.
Um pastel impressionista feito a imagem a seguir.


ou esta do Crockians:


E você, o que vê la?




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domingo, 16 de fevereiro de 2014

Tropismos digitais

Tropismo é um conceito muito usual em biologia e que se refere ao crescimento, e movimento, que acontece principalmente com as plantas. E, como ele é condicionado, grandemente, pelo ambiente externo. A força menor cede ante a força maior, a resistência menor cede ante a insistência maior mesmo que esta esteja sendo exercida pela força menor, etc., etc.
Conseguem ver o que vejo?

Precisa de explicação e a faço. (Sim Francis, vou parar de ler dicionários! Prometo...)
Estive (re)lendo os comentários deste post hoje de manhã e percebo que todos declararam estarmos frente a uma mudança de atitudes. Uma mudança que (estejamos cientes dela ou não) já nos atinge fisicamente como uma praga. Como qualquer doença, não respeita raça, gênero, idade ou "conta bancária" -já diria o HTorloni. Mas, o que me chamou a atenção desta re-leitura, foi o quadro que se me apresentou: tropismo(s).
Confesso que é uma mistura do que tenho lido e escrito.


Juntamos, leia-se: somamos, gente à tecnologia.
Em pontos focais, ao redor do mundo, criam-se tecnologias cada vez mais avançadas. A produção em escala industrial e seus processos criam mercados e consumo. Vejam que, como acontece com as plantas que desviam seu crescimento ao encontrar um obstáculo intransponível, a sociedade mudou ao ser indiscriminadamente exposta à tecnologia.
Dai tropismos...

Entendem agora porque falei "somamos"? Somamos "smart gadgets" às pessoas.
Lamentavelmente, desta soma não retiramos "smartpeople", continuamos tão gente (como em mensch) quanto dantes. Como já antes tinha comentado neste blog.
Não melhores, apenas despidos de alguns "atavismos", chamemos-lhes assim. Grande parte da nossa memória a passamos, sem pestanejar, para as nuvens sem chegarmos a entender o que signifique nefelibata, por exemplo.

Expomos-nos a estas novas tecnologias, como já o fizemos antes com o rádio e a televisão. Tecnologias que foram ficando cada vez mais interativas e ubiquitas, e que não parecem ter perdido momento durante toda sua evolução, mas muito pelo contrário. Sua evolução fica todo dia mais rápida.

Enquanto isso, no outro braço da equação... mmm...
Nossas crianças aprendem mais rápido!
Nossas crianças respondem a estímulos de cores e sons. Elas escutam melhor que qualquer adolescente que fique ligado a fones ouvindo música e a nada mais. Bach, Beethoven, Shakespeare, não se fizeram ouvir por mais gente, gritando nem aumentando o volume das suas composições. E ainda somos capazes de reconhecer trechos ínfimos delas num assovio passageiro, num comentário sem importância.
As artes evoluíram como nunca antes!
Depois que Gronk descobriu que pintar parede de cavernas dava status, o mundo nunca mais foi o mesmo. Apareceu o primeiro "designer de interiores" do mundo!


Podemos fazer muito mais coisas no mesmo espaço de tempo!
Temos muito mais tecnologia para fazê-lo. Qual a graça? Temos que insistir que "essas coisas" tenham sentido e utilidade não somente para seu criador.
Podemos imaginar quase qualquer coisa que queiramos!
Com toda essa tecnologia a calcular por nós, ainda me surpreendo que consigamos pensar por nós mesmos. E, em alguns casos, confesso, que tenho certeza que não o andamos fazendo lá muito bem. Vejam o seguinte argumento muito popular ultimamente em SP: para protestar contra as deficiências do sistema de transportes urbano, queimamos (e/ou deixamos queimar) os elementos desse mesmo transporte que estão funcionando.
Encontrem a lógica desse discurso!

De modo algum sou contra a tecnologia, sou muito a favor dela. Me diverte e alivia.
Contudo, e insisto neste ponto (a tal tecla que vivemos apertando): precisamos evoluir como raça.
Pensar, amar, respeitar-nos uns aos outros. Ultimamente para cada novo relacionamento precisamos -ANTES- assinar um contrato de adesão! Cheio de letrinhas miúdas em legalês e recomendações confusas.
Não era mais fácil quando eram somente dez?

Em algum lugar esquecemos o metrônomo do coração, como dito por Villa-Lobos.
E ainda tem muito mais



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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

De brinco, vestida de perfume.

Alguns processos, quando analisados, são vistos como únicos e independentes uns dos outros.
Segundo essa visão, os processos têm começo, meio e fim, sem relação com o processo seguinte. Ou muito menos, com o anterior. Ainda mais, tratam-se os processos todos como sistemas fechados compostos por: elementos finitos, soluções finitas, e são temporários.


Facilmente esquecemos, ou não levamos em consideração que, ao incluir no processo analisado, qualquer elemento "aberto", todo o sistema -ou processo- muda para aberto. Ou, pelo menos, suas probabilidades de mudar aumentam com o tempo transcorrido. O elemento aberto clássico é o próprio homem. Suas produções intelectuais e tecnológicas o tornam fonte inesgotável de inovação e mudança.

"Para conhecer as coisas há que dar-lhes a volta" diz o velho ditado Português.
Prestemos atenção em como estes lugares comuns se repetem, ciclicamente ainda mais, quando o desenvolvimento da tecnologia é misturado com gente a usá-la.


Vamos brincar?
Misture transporte urbano -faça linhas cumpridas, aproveite os corredores e imponha horários, pague por quilometro percorrido e não por passageiros- e adicione acesso ilimitado à rede wi-fi.
Resultado: você acaba de transformar o transporte urbano em produto hi-tech.
Não é possível?
Curitiba tem ônibus bi- e tri-articulados, usa linhas cumpridas, tem horários (mais ou menos) fixos e respeitados, paga por quilometro. Só falta o wi-fi.

Análise de custos? 
Hmmm... não é o PT.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Conselhos

Encontrei este post num blog acidental. É tão bom que não conseguí resistir e Ctrl+C, Ctrl+V aqui para compartir com vocês. Sei que contarei com sua licênça e perdoarão meu impulso.
Divirtam-se.


PS
Lamento está em inglês no original e a construção é tão boa que não me atreví a traduzí-lo.


Advice, Like Youth, Probably Just Wasted On The Young

By Mary Schmich


[ Reprinted without permission from the Chicago Tribune. Originally published: Sunday, June 1, 1997. Initially attributed as written by Kurt Vonnegut for the 1997 MIT graduation ceremony. ]

Inside every adult lurks a graduation speaker dying to get out, some world-weary pundit eager to pontificate on life to young people who'd rather be Rollerblading. Most of us, alas, will never be invited to sow our words of wisdom among an audience of caps and gowns, but there's no reason we can't entertain ourselves by composing a Guide to Life for Graduates.


I encourage anyone over 26 to try this and thank you for indulging my attempt.

Ladies and gentlemen of the class of '97:
  • Wear sunscreen. If I could offer you only one tip for the future, sunscreen would be it. The long-term benefits of sunscreen have been proved by scientists, whereas the rest of my advice has no basis more reliable than my own meandering experience. I will dispense this advice now.
  • Enjoy the power and beauty of your youth. Oh, never mind. You will not understand the power and beauty of your youth until they've faded. But trust me, in 20 years, you'll look back at photos of yourself and recall in a way you can't grasp now how much possibility lay before you and how fabulous you really looked. You are not as fat as you imagine.
  • Don't worry about the future. Or worry, but know that worrying is as effective as trying to solve an algebra equation by chewing bubble gum. The real troubles in your life are apt to be things that never crossed your worried mind, the kind that blindside you at 4 pm on some idle Tuesday.
  • Do one thing every day that scares you.
  • Sing.
  • Don't be reckless with other people's hearts. Don't put up with people who are reckless with yours.
  • Floss.
  • Don't waste your time on jealousy. Sometimes you're ahead, sometimes you're behind. The race is long and, in the end, it's only with yourself.
  • Remember compliments you receive. Forget the insults. If you succeed in doing this, tell me how.
  • Keep your old love letters. Throw away your old bank statements.
  • Stretch.
  • Don't feel guilty if you don't know what you want to do with your life. The most interesting people I know didn't know at 22 what they wanted to do with their lives. Some of the most interesting 40-year-olds I know still don't.
  • Get plenty of calcium. Be kind to your knees. You'll miss them when they're gone.
  • Maybe you'll marry, maybe you won't. Maybe you'll have children, maybe you won't. Maybe you'll divorce at 40, maybe you'll dance the funky chicken on your 75th wedding anniversary. Whatever you do, don't congratulate yourself too much, or berate yourself either. Your choices are half chance. So are everybody else's.
  • Enjoy your body. Use it every way you can. Don't be afraid of it or of what other people think of it. It's the greatest instrument you'll ever own.
  • Dance, even if you have nowhere to do it but your living room.
  • Read the directions, even if you don't follow them.
  • Do not read beauty magazines. They will only make you feel ugly.
  • Get to know your parents. You never know when they'll be gone for good. Be nice to your siblings. They're your best link to your past and the people most likely to stick with you in the future.
  • Understand that friends come and go, but with a precious few you should hold on. Work hard to bridge the gaps in geography and lifestyle, because the older you get, the more you need the people who knew you when you were young.
  • Live in New York City once, but leave before it makes you hard.
  • Live in Northern California once, but leave before it makes you soft.
  • Travel.
  • Accept certain inalienable truths: Prices will rise. Politicians will philander. You, too, will get old. And when you do, you'll fantasize that when you were young, prices were reasonable, politicians were noble, and children respected their elders.
  • Respect your elders.
  • Don't expect anyone else to support you. Maybe you have a trust fund. Maybe you'll have a wealthy spouse. But you never know when either one might run out.
  • Don't mess too much with your hair or by the time you're 40 it will look 85.
  • Be careful whose advice you buy, but be patient with those who supply it. Advice is a form of nostalgia. Dispensing it is a way of fishing the past from the disposal, wiping it off, painting over the ugly parts and recycling it for more than it's worth.

But trust me on the sunscreen.



Falando nisso, vou passar o meu. Está quente aqui...

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Flashmobs III - the last

E destes, será o último, prometo.

Enquanto os rolezinhos, Black blocks, militontos e querelantes piromaníacos se comportam como se fossem a 8ª praga do Egito que chegou atrasada ao Fim do Mundo de 2012, bem no meio do Carnaval soteropolitano, e ao ver aquela multidão apinhada se esgoelar meio-pelada atrás dos trompetes dos Trios Elétricos e diz: "Querid@s, cheguei!", e as cabeças do Leviatã Brasiliano se passeiam pelo Malecón de Habana a baforadas de Cohiba 5 e milhões, nós outros todos que apagamos fogos, pagamos impostos e, só para chatear os dois primeiros grupos, insistimos em sobreviver.



Vá ser feliz num outro país como este!


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Flashmobs II
Flashmobs, você já participou de um?

Logística II

Ultimamente me tenho visto na necessidade de ler vários artigos e estudar sobre "Logística".
Principalmente a logística empresarial que está entrando em voga ou sendo descoberta por aqui. E os teóricos falam e discutem logística, e/ou a falta dela, no Brasil, suas múltiplas variáveis e colorações (sim, eu também não imaginava cores) sociais. Mas todos batem na mesma tecla: "logística empresarial" como se quisessem recriar a introdução da 5ª de Beethoven.
Ou um Samba de uma nota só.
Vai entender.

Somente veem logística como função empresarial interna. Se a empresa (utilizo "empresa" aqui para referir-me tanto a aquela de produção industrial quanto a de serviços) não fizer, adotar ou souber de sua existência, não é logística. Se é que eles adotam logística ou -pelo menos- sabem da sua existência.
Vai entender... de novo.

Tem prestado atenção à proliferação de "Logística" estampado em caminhões de carga de produtos recentemente? É a coqueluche do momento. Pior que pereba em criança! Está em tudo quanto é lugar. Enche os olhos, cria mercados! E ainda assim, a meu ver estamos longe de compreender cabalmente o que seja logística, e suas várias nuances.

Supply-chain management? Também conhecida como Gestão de Cadeia de Suprimentos, numa tradução quase literal da primeira, é logística? A resposta que me parece mais simples é: sim e não.
Seria o mesmo que dizer; meu braço sou eu.

A imagem que entendo das definições do que seja logística que muitos autores dão é que é um processo que acontece -prioritariamente- dentro da empresa ou serviço. Algo ligado aos processos de transformação, transporte e comercialização de produtos acabados.

E é aqui onde começo a discordar com esses teóricos. Acho isso uma visão míope e estreita do que seja logística.

Para mim a logística é um fluxo processual (*) que começa quando do desejo (e desenho) inicial pelo produto/serviço e acaba (agora aproveitando ao máximo a noção de sustentabilidade) quando a destinação inclua o resgate e reaproveitamento sustentável do resultante do uso do produto (embalagens e outros subprodutos do seu consumo, principalmente).

Algo parecido com o gráfico que desenhei aqui em baixo:


E isto se repete para quaisquer produtos ou serviços, em padrões cíclicos. De preferência, e assim que melhorarmos os processos, cada vez melhor. O ideal é chegar a um 90%+ de aproveitamento. O efeito teria que ser estudado, horizontal e verticalmente, por várias funções, fora do processo transformatório em questão.

O supply-chain management é o que acontece dentro das empresas. E é isto o que normalmente vejo definido como logística. Mas, seguindo meu gráfico, podemos ver que é somente um dos momentos da logística. O que acontece dentro da empresa é basicamente transformação.

  1. Transformação de desejos ou da necessidade original em objetos tangíveis; produtos: bens e/ou serviços;
  2. De lá, passamos para um segundo momento de transporte, distribuição e comercialização;
  3. Daqui vamos para destinação, o (re)uso e (re)aproveitamento do resultante do uso do produto primário. Principalmente as embalagens caem nesta área. Pois reaproveitadas, elas servem para reduzir custos de produção de novos produtos similares.
O que descreveria um ciclo (quase) fechado.
Agora que vemos o ciclo, podemos chamá-lo como se deve: estratégia. Pois a análise de cada passo define estratégias. E a gestão da cadeia de suprimentos nada mais é do que estratégia. Estratégia de transformação.

Como diz o Mintzberg: "estratégia, trata-se da forma de pensar no futuro, integrada no processo decisório, com base em um procedimento formalizado e articulador de resultados.” E a Merchant diz que: "estratégia não é somente o projeto em si, mas também seu desenvolvimento".

E é agora que acontece algo interessante.
Neste ponto podemos ver que a logística, como a tenho definido aqui, pode ser utilizada em qualquer tipo de "desejo ou necessidade original". O simples reconhecer esta necessidade já se configura estratégia! É o primeiro passo.
Projetos e análises de produção fazem parte dela, logo são logística, também. Transformação e destino, que já expliquei lá encima, continuam iguais e também fazem parte da estratégia-logística.

Desta forma, multidisciplinarmente, se torna fácil descobrir, desenhar e propor qualquer das três etapas do ciclo... para qualquer objeto.
É só prestar atenção aos desejos e necessidades originais.